domingo, 17 de outubro de 2010

Everson Merino: A MÁFIA DA ENERGIA PAULISTA

A Companhia Paulista de Força e Luz - CPFL, Serra e o debate programático no 2 ° turno.

*Everson Merino da Silva

Estava recolhido no conforto do lar, não lembro à hora, mas asseguro que já passava da meia noite, dia 15 de outubro, quando de repente surge na tela da Globo, propaganda da Companhia Paulista de Força e Luz, ironicamente chamada de C-PFL Energia. Quando veio a chamada para o comercial, esperei logo vir uma propaganda qualquer, mas não; o que surgiu propagandeado pela Rede Globo de Comunicação foi à centenária empresa de energia de São Paulo. Como sou um cidadão catarinense, que estuda no Paraná, não costumo ver inserções comerciais veiculadas pela sucursal paulista do poderoso grupo, mas às vezes surge do nada. Lembrei que a referida empresa é a maior responsável pela distribuição de Energia Elétrica para os paulistas; gaúchos e pelo menos para os moradores de três municípios mineiros. Trocando em meados, pode-se dizer que é uma empresa que tem um ótimo relacionamento com os governos do PSDB-DEM. Melhor, poderia se dizer que a empresa em questão tem um verdadeiro contrato vitalício para a exploração da energia sob administração tucana.
Esta empresa que hoje é privada atinge mais de 18 milhões de pessoas nesses estados governados pela aliança PSDB-DEM, no total atinge quinhentos e sessenta e oito municípios, sendo trezentos em São Paulo; duzentos e sessenta e dois no Rio Grande do Sul e três em Minas.
A direita conservadora privatista aprova que a dita empresa leve todo o lucro da prestação do serviço para o bolso dos seus acionistas, quando esse montante poderia ser destinado para a Educação brasileira. Podemos, ou não podemos constatar que José Serra mente quando defende a educação pública. Na verdade o cara de pau, nunca fez nada no sentido de fortalecer o ensino público, fez ao contrário, com a ajuda do seu grupo político, desmontou a educação. José Serra sempre optará pelo critério de mais lucro e corte nas políticas públicas, não esqueçamos que sempre apoiou a expansão do seguimento privatista em suas gestões.
Depois de refletir sobre esses dados pensei: sim brasileiros, podemos afirmar que eles são representantes do capital privado e da especulação financeira, seguidores das cartilhas neo-liberais dos fundos e bancos internacionais.
Na verdade com um pingo de bom senso cada brasileiro e brasileira chega à mesma conclusão, mesmo que para isso precise às vezes ser estimulado. Então façamos isso, quem se tocar primeiro da realidade política e social que está em jogo nesse pleito, fala para o próximo que por ventura esteja desatento, dessa forma ficaremos imunes as idéias loucas e descabidas dos exploradores da coisa pública. No passaran!
Para entendermos o que ocorreu no processo histórico de governos e privatizações tucanas, analiso em especifico a história da CPFL e a distribuição de energia elétrica em São Paulo. É importante que registremos que essa empresa surgiu em 1912 através da fusão de quatro pequenas empresas de energia.
Em 1927 foi vendida para a Americam e Foreign Power (Amforp).
Em 1964 foi adquirida pela Eletrobrás estatal brasileira, a partir desse momento independente de a gestão ser boa ou ruim a Companhia Paulista de Força e Luz foi transferida para o Estado. O povo deve ter pensado, que bom, agora os recursos oriundos da prestação dos serviços de distribuição e manutenção da energia elétrica, serão investidos na Educação, saúde, infra e tal.
Tudo andava na mais tranqüila harmonia com o patrimônio nacional e como o serviço era prestado à população de São Paulo a CESP estatal paulista em 1975 conseguiu trazer para sua esfera administrativa a CPFL. Por décadas esse patrimônio energético ficou rendendo educação, saúde e outros serviços para o povo paulista.
Mas como a política é complexa e vive em constante contradição dialética; em 1994 o povo vai às urnas e elege FHC presidente e Mário Covas governador, o PSDB vai finalmente governar o Brasil e São Paulo. Esses projetos de gestão carregam em seu bojo as propostas neo-liberais. A fase mais ofensiva do capitalismo inicia para os brasileiros. Cóvas e FHC põem para gerir o estado e os governos brasileiro e paulista a turma que hoje coloca Serra para concorrer à presidência, esses políticos tucanos logo trataram de negociar e entregar o patrimônio público para a iniciativa privada. Como exemplo disso temos em 1997 sob administração tucana a venda da CPFL para a VBC Energia (Grupo Votorantin; Bradesco; Camargo Corrêa; Fundos de pensões, entre outros) e a exploração do serviço de energia elétrica em São Paulo é entregue para a especulação financeira, a partir desse momento a empresa opera visando o lucro e o acumulo de capital para seus donos. Nada dos valores negociados na indústria energética é repassado para a educação, saúde, moradia, emprego, etc.
Em 2002 ainda sobre o porrete tucano no governo do Estado de São Paulo, pensando em customizar as atividades do grupo, a CPFL propõe a necessidade de uma gestão eficiente e desse modo os capitalistas da energia elétrica paulista engessam ainda mais o pouco orçamento voltado para a pesquisa tecnológica (hoje a política da empresa é financiar apenas projetos que visem o lucro e com um foco de mercado), os acionistas decidem criar uma HOLDING (grupo de controle que passou a se chamar CPFL Energia). Desse instante em diante a Companhia se transformou em um verdadeiro produto de especulação financeira, mercantilizado e hostil frente às questões sociais.
Em 2004 o grupo capitalista CPFL Energia, coloca pela primeira vez, em Oferta Pública, a empresa nas bolsas de valores de São Paulo e Nova Iorque.
Em 2010 em parceria com os tucanos a CPFL cada vez mais capitalista e expandida, dividida em um grupo de trinta e seis empresas atinge e é responsável pela distribuição e manutenção da energia elétrica para mais de 18 milhões de brasileiros que vivem dentro dos estados governados pela aliança PSDB-DEM.
Levantar essas questões históricas não serve apenas para rechaçar a proposta de desmonte do aparelho estatal, serve também, para que defendamos com afinco a candidatura de Dilma Rousseff, que propõe que os Pré-Sal seja destinado ao povo através de políticas públicas desenvolvimentistas.
Defendamos a criação da Petro Sal Petróleos. Empresa que deverá ser 100% estatal e que poderá garantir que esse dinheiro seja patrimônio público.
Queremos um socialista como Haroldo Lima na diretoria-geral da Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural, ou queremos um capitalista representante da especulação financeira como o é o Sr. David Zylbersztajn, principal assessor de Serra? Uma coisa é certa o povo não quer voltar a passar fome. Os brasileiros não acreditam em ti Serra.
Meu protesto é o protesto de milhares de jovens brasileiros que hoje estudam na rede federal de educação superior e que alçaram essa condição através do Programa de Expansão e Reestruturação do Ensino Público Superior – REUNI. Esse programa foi bombardeado pelos amigos de Serra, inclusive pelo seu assessor para a Educação Paulo Renato de Souza (ex-ministro da Educação de FHC e ex-secretário de educação do próprio Serra), esse figurão tucano foi o responsável pelo sucateamento que desmontou o ensino público brasileiro, durante os governos tucanos e que mercantilizou o ensino privado pelo país afora.
Como nenhum protesto é protesto sem causa, quero com esse texto contribuir com o debate no segundo turno, pois acredito que é a partir do debate de idéias que o povo pode evoluir do ponto de vista político-eleitoral e melhor escolher os seus representantes de forma clara e objetiva. Precisamos encontrar uma forma de desmascarar a verdadeira face de José Serra.
Todas essas analises são a constatação de que Serra mente quando fala que pensa com sua própria cabeça. Ele representa e nunca deixou de representar o projeto neo-liberal no Brasil. É hoje o principal porta voz desse grupo, pois é o candidato a presidência da república pela aliança PSDB-DEM-PPS.
O que precisamos e queremos como brasileiros, é que Dilma, representante do outro projeto (verdadeira coalizão popular), se alimente na força da sociedade civil organizada; que tem como objetivo central o fortalecimento do Estado.
Denuncie de forma sistemática nos próximos debates as verdadeiras intenções tucanas, vamos com tudo.
Dilma, é sua vez de falar, é em sua mão que se encontra o nosso microfone, é de nosso palanque que você seguirá para o planalto, por tanto já que o Serra não vai responder aos seus questionamentos de forma sincera, ignore esse mal educado fanfarrão e se dirija ao povo brasileiro, com toda a força que as massas lhe garantem diga de forma simples e direta o projeto popular. O Brasil dos mais necessitados está contigo, a imensa maioria da população brasileira também quer esse enfrentamento e está do seu lado desde o primeiro turno. Os votos que ainda faltam para garantir a vitória de forma incontestável no segundo turno, estarão nas urnas se as palavras forem ditas de forma popular e realista. Sem tecnicismos e com clareza.
Se os projetos e biografias forem comparados, se a resposta ao reacionarismo tucano for contundente, lograremos a vitória.
Cada vez que Serra mentir, denunciemos e mostremos as provas, os documentos, jornais, matérias que provem a verdade, tudo isso também deve ser feito por Dilma na hora do debate ao vivo. Agora é hora da candidata se transformar na verdadeira defensora do povo trabalhador desse país. Não deve se dirigir a Serra. Deve debater com o povo o projeto nacional desenvolvimentista que continuará.
Bem, voltando para o assunto da energia privatizada em São Paulo. Quando vi a propaganda da empresa, pensei que bom, agora quem estiver assistindo, vai relacionar o Serra com a privatização de nossos recursos naturais e energias, entretanto me toquei que na verdade, ninguém se fragaria e tão pouco faria distinta relação, pois a referida empresa atende a população como se pública fosse e por isso muitas vezes consegue passar a idéia de que é a mesma coisa que a pública; até melhor, inibe a corrupção; não faz diferença para o povo se o serviço for público ou privado. Passam a idéia de que basta o serviço ser eficiente e o preço ser acessível. Tudo não passa de demagogias e mentiras insustentáveis.
Do modo privado a empresa cobra o custo do produto mais o lucro. Nesse modelo de gestão o recurso que deveria ser aproveitado por todos, não cumpre o papel social que a exploração de nossa energia deveria cumprir. Não destina recursos dos lucros para a educação pública e tão pouco para a saúde.
Então meus caros leitores, o que realmente importa nesse 2° turno é debater a destinação dos recursos oriundos da exploração de nossa energia.
Para onde vai todo o dinheiro pago pela população atingida pela CPFL? Essa dúvida me fez pesquisar qual é o investimento em Educação que a dita empresa de energia investe. Pasmem, irrisórios 20 milhões de reais por ano, e assim mesmo com pesquisa voltada para gerar lucro empresarial. Em um universo que se explora e lucra bilhões de dólares, esse número é o mesmo que nada e o impacto social é zero.A política privada não cumpre nem de longe o papel que uma empresa pública pode cumprir.
Diferentemente da empresa privada que tem como principio básico o lucro, a empresa pública objetiva distribuir a arrecadação dos valores da exploração com o povo, investindo o lucro direto na Educação, Saúde, Habitação, Infra-estrutura, etc.
É disso que se trata a privatização, vender por preços comerciais o patrimônio do povo, para que uma empresa privada explore e muitas vezes detenha o monopólio de certo bem ou serviço público. A empresa privada suga tudo o que pode dos brasileiros e depois se não for mais lucrativo deixam de prestar o bom atendimento a população.
Nunca um cidadão brasileiro em sã consciência preferiria a coisa privada em detrimento da coisa pública.
O grupo neo-liberal brasileiro conservador de ultra-direita (PSDB-DEM-PPS-TFP) demorou para perceber esse fato. Defensores históricos da minimização do Estado nacional e da redução de direitos aos trabalhadores, chegaram a perder o poder central do país com tamanha voracidade que devoravam o patrimônio público nacional.
Em 2002 quando o mesmo Serra defendendo abertamente a demolição das empresas e transferência dos serviços públicos para a iniciativa privada; dentre elas (PETROBRÁS, VALE do RIO DOCE e a própria CPFL), o povo, verdadeiro interessado direto e dono do seu titulo eleitoral que lhe garante a decisão final, rejeitou o projeto que a mais de uma década assolou o país e que por quase duas, assola São Paulo. Então, depois de muita luta o povo tupiniquim levou Luiz Inácio Lula da Silva ao posto mais alto do Palácio do Planalto em outubro de 2002. Assumiria as rédeas do Brasil em janeiro de 2003.
Em 2006 ocorreu à mesma coisa, Geraldo Alckmim, quadro político e orgânico do PSDB (é bom afirmar isso, pois o Serra fala como se ele fosse candidato por vontade própria) vem de peito aberto e fala com uma certa sinceridade ressentida, desse modo tenta defender novamente as privatizações da era FHC.
Lula com a experiência de quase duas décadas disputando a presidência da república e quatro anos já como presidente do Brasil dominou os debates, desmascarando e mostrando de forma clara como só um operário com consciência de classe poderia mostrar o que significava a privataria tucana. Desse modo, com a Força do Povo, derrotou Alckmim de forma humilhante no segundo turno, momento em que o tucano fez menos votos do que no primeiro. Fato vergonhoso para os que se alto proclamavam os intelectuais, bons entendedores da economia mundial, professores das escolas britânicas e tal.
No alto de seus saltos, defendendo conceitos liberais com seu português enriquecido se achavam os verdadeiros detentores da razão. E faziam o que bem entendiam com a coisa pública.
Graças ao povo, novamente foram colocados nos seus devidos lugares, a população insistia em melhorar de vida e queria ver seus filhos estudando em Universidades Públicas, assim sem meias palavras a proposta tucana foi sumariamente enterrada e Lula é reconduzido ao poder central do Brasil. No mandato seguinte consolida um processo de distribuição de renda; redução drástica da pobreza; redução do desemprego, colocando no mercado de trabalho mais 14 milhões de novos trabalhadores. Expandindo a educação superior pública federal, como nunca antes nesse país.
Nosso país tem mais de quinhentos anos de história branca e o povo precisou desse tempo todo para amadurecer a idéia progressista, não pode ser agora que o capitalista neoliberal volte a governar esse país. Como diria o camarada João Amazonas, Havemos de vencer, venceremos!
Pois então caríssima Sra. Dilma Rousseff, mostre a estes oportunistas históricos, por que não queremos mais eles no poder.
Agora, passado mais quatro anos, debatendo; esperneando; atrapalhando o processo democrático; votando contra o povo; tentando melhorar a sua proposta neoliberal sem querer admitir que é um problema sem solução, querem voltar ao poder. Na verdade a solução científica é apontada por Karl Marx, em O Capital. Que prevê fim trágico para a humanidade se esta continuar sob as rédeas capitalistas. Mas dentro do malabarismo lingüístico, a direita chegou a uma decisão. Simplesmente esconder a verdadeira proposta energética e o conceito neo-liberal privatista, fazer de conta que o Serra não é disso, em outras palavras não dar na cara, pois esse povo rejeita a verdade e como eles não sabem de nada, vamos usar a política que justifica os meios pelos fins.
Desse modo Serra pensa conseguir alcançar a maioria dos votos no dia 31 de outubro e depois emendar suas propostas ditas na campanha. Quem sabe até fazer uma alusão a FHC, vai dizer: esqueçam o que prometi.
Agora é o momento de buscarmos os votos e mostrar aos conhecidos, amigos e familiares o que representa a troca de projeto e o retrocesso que isso implica na vida do povo brasileiro.

*Estudante de Direito do IFPR, campus de Palmas.

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