segunda-feira, 30 de agosto de 2010

José Serra precisa dormir

Escrito por Altamiro Borges, extraído do Blog do Miro

É conhecida a fama de notívago do grão-tucano José Serra. No twitter, suas notinhas de até 140 toques são postadas na madrugada. Num exagero de servilismo, Gilberto Kassab, o prefeito da capital paulista, chegou a dizer que “durmo de paletó para atender às ligações do governador”. Muitos aspones já reclamaram, em tom de brincadeira (será?), que eram acionados as altas horas pelo mandatário centralizador. É desta fama e de suas olheiras que surgiu o apelido de vampiro.

Talvez isto explique porque o presidenciável anda tão atordoado, confuso, errático. Num dia, ele afirma que “não sou oposição nem situação” e que pretende ser o “continuador de Lula”. Noutro dia, ele assume o figurino fascistóide de George Bush ou Álvaro Uribe e faz discursos irritadiços contra o atual governo. Prova desta crise existencial foi quando ele tentou associar a sua imagem à de Lula em plena propaganda eleitoral na televisão. Muitos pensaram: Serra enlouqueceu de vez!

O atestado de óbito da Folha

Até a Folha, que nunca escondeu a torcida pelo candidato, desistiu de entender sua esquizofrenia. Em editorial de 21 de agosto, o jornal jogou a toalha e decretou que “a campanha de Serra parece ter recebido o seu atestado de óbito”. A famíglia Frias, que preferia um candidato direitista sem máscara, não engoliu o “parasitismo político” do jingle da campanha serrista que diz “tira a mão do trabalho do Lula/ tá pegando mal/... Tudo que é coisa do Lula/ a Dilma diz/ é meu, é meu”.

Indignada com a “sem-cerimônia dessa apropriação que extravasa os limites da mistificação marqueteira”, a Folha já anunciou que pulou fora do barco do candidato, que “agora se apresenta como ‘Zé’, no improvável intento de redefinir sua imagem pública... Não é do feitio deste jornal tripudiar sobre quem vê, agora, o peso dos próprios erros, e colhe o que merece. Intolerável, entretanto, é o significado mais profundo desse desesperado espasmo da campanha serrista”.

“A desconstrução já começou”

Pouco a pouco, José Serra vai definhando. O valentão Arthur Virgílio, o jagunço Sérgio Guerra, o riquinho Tasso Jereissati e vários outros “aliados” o abandonam para evitar a contaminação nas suas bases. A própria mídia, seu último bastião, já dá sinais de fadiga diante de uma “candidatura nati-morta”, como aponta o blogueiro Luis Nassif. “Muitas vezes previ que a velha mídia procederia à desconstrução da própria imagem que criou de Serra. E o faria com gana, sentindo-se ludibriada por ter apostado em um cavalo manco. Errei o prazo. A desconstrução já começou”.

Pouco a pouco, o bloco neoliberal-conservador desloca sua atenção para as disputas de governos estaduais e de mandatos legislativos. Serra pode virar mais um caso grotesco de “cristianização”. Caso não ocorra erro grave de campanha, Dilma Rousseff caminha para ser a primeira mulher presidenta do Brasil, dando continuidade ao ciclo progressista aberto por Lula. Ela precisará de sólida base de sustentação nos estados, no Senado e na Câmara Federal. A direita parece que já rifou Serra, que “precisa dormir”, mas já cava suas trincheiras para infernizar o futuro governo.

sábado, 14 de agosto de 2010

Lembranças do JN

Por Laurindo Lalo Leal Filho
Contei em artigo publicado na revista Carta Capital e depois reproduzido no livro “A TV sob controle” o que vi e ouvi naquela manhã no Jardim Botânico, no Rio. Mostrei como se decide o que o povo brasileiro vai ver à noite, no intervalo entre duas novelas.O destaque dado pela mídia ao Jornal Nacional na última semana, em razão das entrevistas realizadas com os candidatos à presidência da República, trouxe a minha memória o episódio de cinco atrás quando acompanhei com colegas da USP uma reunião de pauta daquele programa.

Contei em artigo publicado na revista Carta Capital e depois reproduzido no livro “A TV sob controle” o que vi e ouvi naquela manhã no Jardim Botânico, no Rio. Mostrei como se decide o que o povo brasileiro vai ver à noite, no intervalo entre duas novelas. Ficou clara, para tanto, a existência de três filtros: o primeiro exercido pelo próprio editor-chefe a partir de suas idiossincrasias e visões de mundo cujos limites se situam entre a Barra da Tijuca e Miami, por via aérea.

O segundo e o terceiro filtros ficam mais acima e são controlados pelos diretores de jornalismo e pelos donos da empresa, nessa ordem. Não que o editor-chefe não tenha incorporado as determinações superiores mas há casos que vão além de sua percepção e necessitam análise político-econômica mais refinada.

As entrevistas com os presidenciáveis passaram, com certeza, pelos três filtros e os resultados o público viu no ar. O candidato do PSOL tendo que refazer uma fala cortada pela emissora e a candidata do PT deixando de ser entrevistada para ser inquirida. Para os outros dois candidatos da oposição a pegada foi mais leve, de acordo com a linha editorial da empresa.

Nada diferente do que vi em 2005 quando uma notícia oferecida pela sucursal de Nova York foi sumariamente descartada pelo editor-chefe do telejornal. Ela dava conta de uma oferta de óleo para calefação feita pelo presidente da Venezuela à população pobre do estado de Massachussets, nos Estados Unidos, a preços 40% mais baixos do que os praticados naquele pais. Uma notícia de impacto social e político sonegada do público brasileiro.

Ou da empolgação do editor-chefe em colocar no ar a notícia de que um juiz em Contagem (MG) estava determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. Chegou a dizer, na reunião de pauta, que o juiz era um louco e depois abriu o jornal com essa notícia sem tentar ouvir as razões do magistrado e, muito menos, tocar na situação dos presídios no Brasil. O objetivo era disseminar o medo e conquistar preciosos pontos de audiência.

Diante dessas lembranças revirei meu baú com mensagens recebidas na época. Foram dezenas apoiando e cumprimentando pelas revelações feitas no artigo.

Reproduzo trechos de uma delas enviada por jornalista da própria Globo:

“Discordo da revista Carta Capital num ponto: o texto ‘De Bonner para Homer’ não é uma crônica. É uma reportagem, um relato muito preciso do que ocorre diariamente na redação do telejornal de maior audiência do País.

As suas conclusões são, porém, mais esclarecedoras do que uma observação-participante. Que fique claro: trabalho há muito tempo na Globo, não sou, portanto, isento.

Poderia apresentar duas hipóteses relacionadas à economia interna da empresa para a escolha do editor-chefe do JN:

1) a crise provocada pelo endividamento levou a direção da rede a tomar medidas para cortar de despesas. Em vez de dois altos salários - o de apresentador e o de editor-chefe - para profissionais diferentes, entregou a
chefia ao Bonner. Economizou um salário.

2) como é profissionalmente fraco, não tem experiência de campo, nunca se destacou por nenhuma reportagem, o citado apresentador tem o perfil adequado para o papel de boneco de ventríloquo da direção do Jornalismo.

A resposta para a nossa questão deve estar bem próxima dessas duas hipóteses. De todo modo, os efeitos são devastadores: equipe dividida, enfraquecida e só os mais inexperientes conseguem conviver com o chefe tirano e exibicionista.

‘Infelizmente, é um retrato fiel’, exclamou uma repórter experimentada diante do seu texto.

Eu me sinto constrangido e, creia-me, não sou o único por aqui”.

É a esse tipo de organização que os candidatos à presidência da República devem se submeter se quiserem falar com maior número possível de eleitores. Constrangimento imposto pela concentração absurda dos meios de comunicação existente no Brasil, interferindo de forma perversa no jogo democrático.

_____________________________________________________________________

Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

Fonte: Carta Maior

A falta de educação de José Serra

Reproduzo artigo de Luciano Rezende, copiado do Portal Vermelho
O destempero com que o presidenciável tucano José Serra trata seus oponentes e jornalistas (quando estes fazem alguma pergunta fora do script) demonstra uma séria debilidade em sua formação política. Cordialidade, respeito às divergências e honestidade são princípios básicos e elementares que se desenvolve desde cedo na escola. Em uma boa escola.

Diplomas, certificados e condecorações são importantes, mas não determinantes na construção do melhor candidato. Há muitos intelectuais insensíveis aos clamores populares e outros menos estudados comprometidos com a melhoria da vida do povo. Serra não é nem um, nem outro.

O candidato que gosta de se gabar em ter uma esmerada educação, virou alvo de chacotas com a provocação lançada por diversos blogs na internet que o desafia a mostrar seu diploma de ensino superior. Seria uma campanha preconceituosa se simplesmente quisessem atacá-lo por não ter uma graduação (como fazem com Lula), mas se o objetivo é desmentir mais uma de suas invenções, a intenção torna-se louvável. E se ele não mostrar o tal diploma de economista que tanto alardeia, será mais uma de tantas outras fanfarronices ditas todos os dias, como a de que ele é o pai dos genéricos ou a de ter sido o autor da lei do seguro-desemprego.

Mas a “falta de educação” que de fato preocupa em Serra é o seu compromisso com o ensino, de todos os níveis, no país. Na semana passada foi divulgado - embora a grande imprensa não ter dado o destaque devido - que a Universidade de São Paulo (USP) caiu 69 posições no ranking mundial de universidades. Os Institutos de Pesquisa paulistas padecem com a falta de recursos cada vez menores, a exemplo do Butantan, que viu sua coleção de répteis e artrópodes queimar por falta de manutenção básica. Um dos maiores patrimônios científicos do mundo virou pó na gestão Serra. O ensino básico também foi negligenciado a ponto do governo Serra - acompanhado de outros dois companheiros governadores do seu partido, Aécio Neves e Yeda Crusius, de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, respectivamente - ter tido a coragem de solicitar ao Supremo Tribunal Federal a derrubada do piso salarial dos professores que estabeleceu o valor mínimo de R$ 950,00 para uma jornada de 40 horas semanais. Isso sem falar das escolas de lata, a truculência contra professores, o “vale-coxinha”, o escândalo da merenda escolar, etc.

Piora sua situação ao lembrarmos que é ele, de todos os candidatos à presidência, o legítimo herdeiro das políticas neoliberais que sucatearam o ensino público no país. Nos oito anos em que o país foi governado pelo PSDB, nenhuma nova universidade pública foi construída, tampouco houve alguma nova extensão universitária. As escolas técnicas foram esquecidas na era FHC. Ele não construiu uma sequer. Os tucanos também promoveram a farra dos tubarões do ensino com a proliferação indiscriminada de faculdades particulares; congelou bolsas e estagnou os salários de docentes. Os programas de iniciação científica, CNPq e PET, tiveram recursos subtraídos. Verbas para a assistência estudantil foram extintas e a evasão escolar atingiu níveis recordes. Esse é o legado tucano que Serra representa.

A educação brasileira precisa avançar, sempre mais. Não será um representante do neoliberalismo, mal-educado (diga-se de passagem), o mais credenciado para enfrentar essa empreitada iniciada pelo governo Lula.

Como dizia Paulo Freire: “Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”. Vide o exemplo de São Paulo nestes últimos 16 anos sob a direção dos tucanos.

Emoção marca vídeo da reintegração de Renato Rabelo à UFBA - Portal Vermelho

Emoção marca vídeo da reintegração de Renato Rabelo à UFBA - Portal Vermelho

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Unila prepara recepção de calouros

Reproduzo matéria do site da UNE

Na segunda-feira, tem inicio as aulas na universidade que receberá alunos latino-americanos em Foz do Iguaçú

A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) inicia suas atividades nesta segunda-feira(16), preparando uma série de atividades para recepcionar os seus primeiros alunos. Os acadêmicos serão recebidos a partir das 8h30, no auditório César Lattes, do Parque Tecnológico Itaipu (PTI).

Pela manhã, os alunos participarão de uma sessão acadêmica de abertura das atividades, com a presença do reitor, Hélgio Trindade; do vice-reitor, Gerónimo de Sierra, dos pró-reitores e professores. No encontro, será abordada a estrutura da Universidade, o programa dos cursos, as atividades do semestre, o programa de assistência aos estudantes, entre outros temas.

A sessão acadêmica contará com a participação especial do professor Célio da Cunha, que falará do primeiro ciclo de estudos da UNILA. Ele foi um importante membro da Comissão da Implantação da Universidade, coordenador editorial da Unesco, entre outras funções importantes que ocupou em instituições ligadas à Educação. Atualmente, compõe o quadro de docentes da Universidade de Brasília (UnB).

Já a solenidade pública de abertura, com a presença de autoridades convidadas, está marcada para as 17h, também no Auditório César Lattes. Deverão compor a mesa autoridades como o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Zaki Akel Sobrinho; o diretor-geral da Itaipu Binacional, Jorge Samek; o prefeito Paulo Mac Donald Ghisi; e demais reitores de universidades da região convidados para este ato.

O destaque da cerimônia será a conferência ministrada pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Márcio Pochmann, que falará sobre Desenvolvimento e Integração da América Latina, às 17h30. Pochmann é doutor em Economia e professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (UNICAMP).

No decorrer da semana, os acadêmicos participarão de aulas introdutórias sobre a América Latina, com especialistas de alto prestígio acadêmico que fazem parte do corpo docente da UNILA. Também estão sendo programadas visitas aos atrativos turísticos da região, além de shows.

UNILA

Comparato propõe Adin sobre a mídia

Reproduzo artigo de Paulo Henrique Amorim, publicado no blog Conversa Afiada, copiado do blog do Miro:

A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e a Fitert (Federação Interestadual dos Trabalhadores em Radiodifusão, que representa os radialistas) subscreveram a proposta do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé de entrar no Supremo Tribunal Federal com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) por omissão, de autoria do professor Fabio Konder Comparato, contra o Congresso Nacional, por não regulamentar os artigos de Constituição de 1988 que tratam da Comunicação.

Desde 1988 o Congresso não regulamenta os artigos 220, 221e 224 da Constituição.

O 220 proíbe a formação de oligopólio na comunicação.

O 221 trata da programação do rádio e da tevê.

E o 224 impõe a instalação de uma Comissão de Comunicação Social.

E o Congresso não delibera sobre isso, desde 1988.

Todo mundo elogia a Constituição Cidadã, a Grande Conquista dos Brasileiros, mas, na hora de defender o direito sagrado à comunicação…

Por que ?

Porque a Globo e o PiG não deixam.

O professor Comparato fez, inicialmente, essa proposta à Ordem dos Advogados do Brasil, mas, até agora, a OAB não moveu uma palha.

A OAB está mais preocupada com as dores lombares do Ministro Joaquim Barbosa.

A Fenaj e a Fitert se tornaram fundamentais nessa batalha, porque são associações de âmbito nacional, que mantêm com a Adin proposta uma “pertinência temática”, como nos ensinou o professor Comparato.

O Barão de Itararé, sozinho, não poderia fazer isso.

Ao lado da Fenaj e da Fitert estão as centrais sindicais do país, representadas em reunião que tivemos na casa do professor Comparato.

A decisão de entrar com uma Adin para regulamentar o que a Globo e o PiG não deixam regulamentar será formalmente anunciada na abertura do I Encontro de Blogueiros Progressistas, a se realizar em São Paulo nos dias 21 e 22 deste mês de agosto.

No encontro em que formalmente aceitou liderar essa luta, o professor Comparato estabeleceu algumas condições:

1) É um movimento plural;

2) Não pode ser partidário;

3) Não pode ser sectário;

4) Não tem nada a ver com (qualquer) governo;

5) O objetivo da luta é fazer o STF e o Congresso Nacional reconhecerem que o direito à comunicação é um direito do cidadão.


* Na foto da reunião na casa do professor Fábio Konder Comparato, da esquerda para direita: Domingos Fernandes (UGT), Miro, Rosane Bertotti (CUT), Paulo Henrique Amorim, Comparato, Eduardo Navarro (CTB) e Valdo Albuquerque (CGTB).

.

Turma da Kombi faz a hora

Os blogs, no começo utilizados por alguns como uma espécie de singelo diário eletrônico ou virtual, evoluíram, amadureceram bastante [mas ainda não o suficiente] e se transformaram, nos dias que correm, em vitais instrumentos de comunicação e combate aos humores do “mercadismo” e à grande mídia oligopolista.

Por Lula Miranda*
__________________________________________________________________________

A comunicação no Brasil está mudando. Graças à internet. O Brasil está mudando. Graças ao bafejar dos ventos mudancistas soprados por uns tais “militantes da utopia”, por aqueles que desejam e combatem, desde sempre, seja enfrentando a sordidez da real política seja navegando/militando na blogosfera, por uma democracia plena e, mais ainda, desejosos que este país seja, de fato, um país de/para todos os brasileiros.

Contextualizando: a atmosfera que se respirava na época ou a “ambiência”. Vivia-se a retomada da anima esquerdista, incorporava-se o espírito das reuniões do Fórum Social Mundial que nos ensinava que “um outro mundo era possível”. Se um outro mundo era possível, então uma nova comunicação também era possível e, mais que isso, necessária. Diversas reuniões e conferências sobre comunicação “pipocavam” por todo o país]

Os blogs, no começo utilizados por alguns como uma espécie de singelo diário eletrônico ou virtual, evoluíram, amadureceram bastante [mas ainda não o suficiente] e se transformaram, nos dias que correm, em vitais instrumentos de comunicação e combate aos humores do “mercadismo” e à grande mídia oligopolista, que, sabemos, era pretensa detentora do monopólio da verdade. Ou seja: a versão deles dos fatos [e da história] era a que prevalecia, posto que apenas veiculava-se essa versão “única”, apenas essa única maneira de ver o mundo tinha espaço. Hoje, não mais. Graças ao poder da participação do cidadão. Graças à força da cidadania.

Cidadania.com era, a propósito, o nome de um desses blogs precursores. Pilotado por um comerciante, um cidadão comum que, inconformado com as manipulações e inverdades publicadas diuturnamente pelos grandes jornais, resolvera ir à luta e “botar a boca no trombone”. Esse homem comum foi, decerto, a princípio, utilizado/manietado como um “inocente útil” pelos colunistas e editores desses “jornalões”. Mas, quando passou obstinadamente a buscar “a verdade”, tal qual um Quixote redivivo, foi logo descartado e rotulado de “louco” por esses mesmos colunistas e editores que antes lhe davam guarida e paparicavam. O espírito ali já se revelava outro: o homem comum, o leitor, buscava participar da tessitura da realidade, da notícia. Quem sabe faz a hora. O homem ordinário desejava ser extraordinário.

Eduardo Guimarães [este é o nome desse personagem] talvez após constatar que a solução para aquele problema que lhe incomodava deveras [e a muitos como ele] não passava somente pelo estratagema, digamos, bem intencionado, mas talvez ingênuo, de melhorar o jornalismo praticado pelos grandes veículos/grupos de comunicação utilizando-se tão-somente de esporádicas manifestações nos espaços dedicados aos leitores, teve então a idéia de criar um movimento agrupando aqueles que, como ele, se sentiam sem vez e voz, incomodados com o “duplipensar” e a “novilíngua” daquela imprensa que, desde sempre — agora, enfim, ele comprovara —, esteve a serviço dos chamados “donos do poder”. Guimarães [e muitos com ele] naquele instante apreendeu a lição. Nascia então o MSM — Movimento dos Sem Mídia.

E foi exatamente esse mesmo MSM que, a despeito das suas fragilidades e insuficiências, dentre as várias ações que realizou, empreendeu uma que marcou, de modo indelével, definitivo a história dessas eleições de 2010. O movimento, agora uma ONG, entrou com uma representação na Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) ajuizando a abertura de um processo em que solicita auditoria, fiscalização e acompanhamento das pesquisas realizadas por todos os institutos, pois havia fortes indícios de manipulação nessas sondagens [as principais suspeitas recaíam sobre DataFolha e Ibope].

O inquérito foi aberto e o processo instaurado (Nº 4559.2010-33). A Polícia Federal está investigando. Daí em diante, as empresas de pesquisas, e também o PIG, colocaram as barbas de molho. Não dava mais para mexer nos dados, dar uns 10 ou 12 pontos de vantagem ao candidato da oposição de direita e dizer-lhe: “Vai que a gente garante!”. Esse “empurrãozinho” fraudulento o conduziria direto ao abismo.

Porém, nessa breve história que lhes conto aqui existem outros, vários protagonistas e precursores. E é essa exatamente a principal característica da “blogosfera”: o chamado “protagonismo cidadão”. Leitores e articulistas-militantes se envolvem numa quase-perfeita sintonia. As notícias e opiniões são comentadas e, muitas vezes, contestadas em tempo real. Os comentários postados são, algumas das vezes, mais ricos e esclarecedores que os próprios artigos ou “posts” originais. Os leitores são agentes ativos do debate nacional, não mais passivos.

Para assomo de alguns “puristas”, alguns jornalistas egressos da grande mídia também se engajaram nessa intrincada, árdua e aparentemente inglória tarefa de construir e trilhar os caminhos de uma nova comunicação. Antes, você deve se lembrar, esse mister, esse ofício era atribuído à chamada imprensa alternativa. Surgem, porém, nomes de “celebridades” proscritas da grande mídia como “o impagável” Paulo Henrique Amorim e “o mineiríssimo” Luis Nassif, bem como nomes mais ou menos célebres como Luiz Carlos Azenha e Rodrigo Vianna, dentre outros.

Nassif tatuou a ferro e fogo seu nome nessa história quando publicou em seu blog o “Dossiê Veja”, onde revela os bastidores sombrios e pútridos desse semanário e da grande imprensa em geral — em decorrência disso responde hoje a inúmeros processos com custos (ou seriam custas?) de difícil mensuração. Atravessou para o lado de cá e queimou as caravelas que poderiam conduzir-lhe de volta. Nassif comeu o pão que o diabo amassou. Hoje pilota uma das mais instigantes e competentes experiências em jornalismo colaborativo na blogosfera.

Paulo Henrique Amorim, com seu jeito bonachão e galhofeiro de “bom carioca” foi intrépido e arriscou: deu vez e voz ao valente e “ínclito” delegado Protógenes Queiroz em sua luta contra o “banqueiro bandido” [nas palavras deste último]. Bateu de frente com gigantes das telecomunicações e foi “saído” do portal IG. É dele a “tirada”: “O supremo presidente do Supremo, Gilmar Dantas — como diria o Noblat”. Paulo Henrique também responde a inúmeros processos na Justiça. É inegável a importante contribuição que esses “traidores” da grande imprensa, por assim dizer [com o auxílio da ferina ironia do destino], deram à causa desses aqui chamados “militantes da utopia” ou, como querem alguns, dessa “turma que não enche uma Kombi”.

A estes se somam, como disse, outros, vários, diversos personagens anônimos [já nem tão anônimos assim] e protagonistas nesse “levante” dos “utopistas”. Ouso citar alguns só para cometer o pecado de me esquecer de muitos.

São importantes personagens dessa nova comunicação veículos como Carta Maior, Caros Amigos [faço aqui uma referência e reverência ao saudoso Sergio de Souza], revista CartaCapital, Conversa Afiada, Nassif OnLine, Vi o Mundo, Escrevinhador, Blog da Cidadania, Vermelho.org.br [e o Blog do Miro], Revista Fórum [revista, site e blog capitaneado por Renato Rovai], Revista do Brasil [alô, alô, Paulo Donizette!], RS Urgente, Abunda Canalha, Amigos do Presidente Lula [alô, alô, Helena Stephanowitz!], Óleo do Diabo, Cloaca News, Tijolaço [blog do jovem e valente deputado Brizola Neto — como o nome “entrega”, neto do saudoso e valoroso Leonel Brizola].

Não tenho aqui a pretensão de contar toda essa grande história em toda sua magnitude e dimensão; de enumerar/citar todos os seus mais importantes feitos, fatos e personagens — pois são muitos os seus aguerridos combatentes. Tampouco tenho a pretensão de mostrar a melhor visão ou enfoque desse rico movimento, essa onda que hoje se levanta diante de nossas retinas já tão fatigadas cristalizando o tal “quem sabe faz a hora acontecer”.

Trata-se apenas, como disse, de um “corte”, um “primeiro capítulo” de uma obra em construção. Mais um olhar, mais uma palavra semeada que, característica inerente a essa nova comunicação libertária, soma-se à sua visão e palavra, prezado leitor-cidadão, e se espalha. Enredo que se enreda rede adentro, mundo afora, por intermédio da internet e da blogosfera.

Não mais a serviço de um único tutor ou “dono”, seja esse “dono” uma empresa, um “coroné”, um partido ou uma determinada oligarquia. Sempre a serviço da “causa”. Qual seja: uma comunicação revolucionária, democrática e um Brasil para todos.

* Lula Miranda é poeta e cronista. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa, Fazendo Média e blogs de esquerda

O novo Brasil

O povo brasileiro sempre ficou em segundo plano durante os governos que Serra participou, o governo de FHC foi exemplo clássico disso, já no governo LULA tivemos mais avanços:

Universidades Públicas: FHC: Zero LULA: 13 Novas

Salário Minimo: FHC: R$ 200,00 LULA: R$ 510,00

Emprego: FHC: 780 mil LULA: 13 milhões


Essa é a realidade do povo brasileiro, claro que as elites não se preocupam com os filhos da nação, pensam apenas em lucrar cada vez mais e querem vender a idéia de que o Estado não tem função social. Nesse novo país que vivemos com Lula e Dilma vimos que as coisas podem e devem ser bem diferentes do que eram com FHC e Serra.

Rede Globo tira a máscara no Jornal Nacional

Reproduzo artigo de Fábio Michel, publicado na Rede Brasil Atual:

Como era de se esperar, a repercussão da entrevista da candidata Dilma Rousseff ao Jornal Nacional ganhou espaço entre a blogosfera imediatamente após a transmissão, na noite da segunda-feira (9).

Para Luis Nassif, cujo blog saiu do ar (mais uma vez) em razão da quantidade de acessos simultâneos, "(a entrevista) foi laboratório amplo de como o jornalismo pode utilizar estereótipos vazios em uma campanha eleitoral", referindo-se ao fato de o 'Casal Nacional'", em especial o apresentador William Bonner, provocar Dilma, ao perguntar sobre seu suposto temperamento impulsivo, capaz de “maltratar” ministros.

Bonner pode ter causado um mal-estar nos círculos administrativos da TV Globo ao questionar a candidata sobre as alianças do PT com figuras conhecidas da política nacional, como José Sarney e Fernando Collor, ambos proprietários de emissoras de TV retransmissora do sinal da Globo em seus estados.

Luiz Carlos Azenha, em seu Vi o Mundo, escancarou a tentativa de desestabilizar Dilma, quando esta foi perguntada sobre a ligação de sua candidatura ao presidente Lula. "Sabe, Bonner, o pessoal precisa, tem de escolher o que é que eu sou. Uns dizem que sou 'mulher forte', outros, que eu tenho tutor", reproduziu.

O tom quase intimidatório do apresentador Bonner foi citado nas redes sociais e por praticamente todos os blogues, que notaram que o desempenho da dupla acabou sendo mais relevante que a boa performance da candidata petista.

Sem sucesso em sua tentativa de provar que Dilma se sairia mal ao ser pressionada, restou ao JN tentar mostrar ao público que o governo atual vai mal. Questionou-se sobre problemas de infraestrutura, mas a resposta veio na hora, com a exposição de obras básicas atualmente em execução no Rio. E Dilma finalizou a entrevista com muitos motivos para ser mostrada com um largo sorriso.

A questão que fica agora para ser respondida pelo Jornal Nacional é qual o teor das perguntas que serão feitas para o candidato tucano, José Serra, que deve ser o entrevistado da noite da quarta-feira (11).

Segundo o jornalista Rodrigo Vianna, do Escrevinhador, o JN agiu como se o governo Lula fosse mal avaliado, estratégia que, pelas regras do bom jornalismo, deverá ser repetida na hora de sabatinar o ex-governador.

"Ironicamente, qualquer crítica pertinente que se faça a Serra terá que ser ao seu governo do Estado de São Paulo, o qual foi solenemente poupado de críticas pela mídia durante seus três anos e pouco de duração", escreve, para concluir que "se o telejornal usar com Serra a mesma medida usada com Dilma, revelará podres desconhecidos do tucano, nem que sejam só os eminentemente administrativos."

Se o 'casal nacional' e a equipe do JN conseguirá achar uma solução inteligente para o problema em que se meteram, ou se o telejornal de maior audiência da TV brasileira passará recibo de preferência partidária, a resposta virá na quarta-feira. Boa noite.

Coisa de louco

"A hora que eu tomar conhecimento que algum desembargador está usando carro oficial para fins particulares eu vou dar ordem para a Polícia Federal apreender imediatamente o carro com o magistrado dentro". O contundente aviso é do ministro do Superior Tribunal de Justiça Francisco Falcão, Corregedor-Geral da Justiça Federal.

Falcão comandou inspeção no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3), em São Paulo. A investigação aponta desembargadores que usavam a frota da corte - modelos Corolla, Santana e Peugeot - mesmo em férias, domingos e períodos de recesso.

"Fiquei chocado", afirma o corregedor. "Como é que o magistrado leva o carro para a praia? Tinha desembargador que ia e voltava todo dia. Isso é falta de juízo, inconcebível." Para Falcão, tal conduta "nos tempos de hoje é coisa de louco". Segundo ele, "havia abusos". Continue lendo no Estadão.

Brasil atual no encontro dos blogueiros

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Reproduzo artigo Ricardo Negrão, publicado no sítio da Rede Brasil Atual,copiado do blog do Miro:

A Rede Brasil Atual é um dos patrocinadores do 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que ocorre em São Paulo, nos dias 21 e 22 de agosto, no Sindicato dos Engenheiros, à rua Genebra, 25, ao lado da Câmara Municipal da capital.

Já estão inscritos 250 blogueiros de todo o país, sendo 150 de fora do Estado. O objetivo é chegar a 300 inscritos. Para saber como participar, acesse o site do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

Além da Rede Brasil Atual, outras 15 entidades também patrocinam o evento: Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo); CUT (Central Única dos Trabalhadores); CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil); Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região; Sindicato dos Metalúrgicos do ABC; Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo; Federação Nacional dos Urbanitários (FNU); Federação dos Químicos de São Paulo; Agência T1; Café Azul; Carta Capital; Conversa Afiada; Revista Fórum; Seja Dita a Verdade; e Viomundo.

Para abrir o encontro, o jornalista Luis Nassif e seu grupo fazem show na regional Paulista, do Sindicato dos Bancários (Rua Carlos Sampaio 305; metrô Brigadeiro), com muito chorinho, samba e MPB.

Para saber um pouco mais sobre os encontros, ouça as entrevistas produzidas pela Rádio Brasil Atual com alguns blogueiros e organizadores do evento.

.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

2016

2016 será o ano em que o Brasil deverá através do esporte projetar a imagem e afirmação de potência mundial junto as nações do mundo, provavelmente os royalty do Pré-Sal já serão “reais” e a população poderá ser beneficiada por essa injeção econômica. Porém o que chamo atenção nesse texto é para a grande oportunidade que nossa nação tem em ser a sede de uma edição das Olimpíadas, pois é no esporte que se pode construir um ser humano completo relacionando o desenvolvimento físico com o mental. O Estado brasileiro através do Ministério dos Esportes conseguiu organizar essa área e são muitos os programas que a exemplo do Programa “Segundo Tempo” dá uma oportunidade de acesso ao esporte de base a crianças carentes. Outros tantos são voltados ao esporte de alto rendimento que incentivam nossos atletas a participarem de importantes competições. Esses projetos e programas levaram o Ministro dos Esportes Orlando Silva Jr. a lutar junto com outras autoridades e personalidades brasileiras para que a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 fossem realizadas aqui. Os dois Eventos foram conquistados e não por acaso, isso é efeito de um grande esforço para universalizar o esporte em nosso país. Hoje a nossa realidade é bem diferente dos anos de entreguismo do PSDB de Pavam, FHC e Serra e o DEM de Jorge Bornhausen e Cia LTDA que nunca tiveram olhos para o esporte e simplesmente deixaram o seguimento em último plano se é que o colocaram nesse lugar. Hoje podemos bater no peito e dizer que o Brasil tem projeto olímpico permanente sem precisar baixar a cabeça para as ditas potências mundiais.

Porém como nem tudo o que reluz é ouro, precisamos nos ater para algumas questões: Qual o legado desses eventos para os brasileiros? Como nossas crianças e jovens poderão aproveitar essa oportunidade? E qual é o projeto educacional para as próximas gerações?

Tudo isso pode ser respondido, de várias maneiras e por vários pensadores, entretanto escolhi uma linha de pensamento que penso ser hoje a mais avançada a respeito. A primeira coisa que devemos repensar é a forma de inclusão e distribuição de direitos aos nossos jovens, não nos basta o assistencialismo, mas não somos imbecis ao ponto de falar pelos cotovelos que as assistências não reparam erros históricos, porém queremos mais.

O Brasil deve implantar um programa de Estado. O esporte e a pedagogia devem andar juntos para que formemos não apenas campeões, mas também pensadores que através do esporte desenvolvam uma cultura que enfatize uma forma de vida baseada na alegria do esforço e no ensino de valores relacionados aos princípios éticos universais. Treinar músculos não é o suficiente para formar uma pessoa e, portanto a prática esportiva sem uma filosofia pedagógica não tem um sentido de desenvolvimento humano e social. Nossos jovens deverão ser mais humanistas e com um grande espírito esportivo, essa geração devera mudar os rumos desse Brasil hoje miserável e individualista, para um Brasil rico e socialista, esse deve ser nosso horizonte, nossa meta.

Nesse emaranhado de teorias, destaco uma a do “Olimpismo” desenvolvida por Pierre Coubertin (séc. XIX), ele pretende através do esporte evidenciar um teor humanista e internacionalista, assim como a preocupação integral e harmoniosa das pessoas.

A proposta é implantar o “Olimpismo” como conteúdo multidisciplinar, que seja absorvido pelos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas. Não deve ser apenas parte integrante de uma disciplina, nem mesmo deve ser apenas preocupação da Educação Física, toda a educação deve ser aplicada a partir de uma filosofia de vida. Somente com um projeto sério é que chegaremos as Olimpíadas no Rio de Janeiro com um verdadeiro legado social e cultural para as próximas gerações aproveitarem um novo Brasil, de oportunidades, de justiça social, de educação, de saúde e Campeão Olímpico.



* Everson Merino da Silva é estudante de Direito e Diretor de Universidades Públicas da União Catarinense dos Estudantes